quarta-feira, dezembro 28, 2005

Untitled - Fado Meu

Que fado é o meu?
Que fado é o meu,
Que tanto se me chora a vida?

Sejas Tu meu fado,
E a minha vida será de luz estrelar,
De pó nebular,
De luz Lunar,
De sorrisos até não mais acabar...

Mas se não fores Tu meu fado...
Que vida de coração apagado
Terá esta viagem até ao Aqueronte;
Que luz, o barqueiro me acenderá
Quando não mais minha vida acabar,
No reino de Hades, e almas de pesar.

Quão apagado será Titão,
Como uma noite escura de verão?...
Quão apagada será Diana
Para minha alma que não ama?...

Acenda-me a luz da Lua
Não Andrómeda, princesa vulgar...
Nem Vénus, tão pouco erguida
Quando te vejo, e à alma Tua,
Que seja justo o fado infinito...
Será para sempre a alma divina,
Que minha alma, pelo Estige, nua,
Ame, até ao fim da vida.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Untitled - I Fly Again

Darkness shines from the Sun,
In the world of my moaning soul;

I cry for a brighter shadow,
But no one hears me at all...

That´s when you break through my sky,
And you shine, and weep my cry...
And you sing, and remove the sting
Of the lone that has carved my wing.

So I fly again...
Through the sky of you so bright...
I shine and embrace you with my heart;
You break my tears with your angel voice...
And mellow me, in a hug of fire:
A hug so deep, no grief, no cry...
Just a huge tight hug of loving smile.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Storytelling - Quentes Mãos

“Caminhando pela floresta, pergunto-me porque tenho frio...
Será mesmo frio que sinto... Ou apenas falta de calor?
Olho estes pássaros...
Vivem, voam, dormem...
E não sentem frio algum.
Então porque o sinto?
Pergunto-me... e pergunto-o.”

De volta a mim, sobressalto-me neste banco de jardim. Frias as minhas mãos... Sopro em vão um bafo quente. A cidade parece-me fria, mas pergunto-me se assim se sente...
Caminhando pela rua, encolho-me com este sopro frio... Acho que também o vento assim se sente, e corre para tentar aquecer.
Um vagabundo encontro, dormindo... Suas poucas roupas são abraçadas pelos jornais de histórias que não lhe interessam; Aproximo-me e pergunto-lhe:
“Vagabundo, de zelosas roupas... Neste inverno de frio afiado, não te sentes tu gelado, em tão frágil roupa embrulhado?”
“Mas que queres, oh rapaz? Minha pele já não sente este frio... Apenas meu triste coração, sente o frio da solidão...”
Lamentável, a situação... Alguém que vive, pois continua a sentir... Abandonado como quem morreu, como sua pele, que de tanto bréu, esqueceu a emoção que se sente, ao sentir quente o abraçado, o galopante coração.
Apaga-se-me entretanto o pesar, ao ser-me reflectido na cara um sorriso, por esta criança tão abraçada, sem frio algum, a brincar.
“Criança de inocentes penas, não te sentes com frio aqui? Não preferes temperaturas amenas, na praia, brincando, correndo... Como se estivesses num rally?”
“Não me interessa o frio, eu estou bem! Brinco sempre, com chuva ou Sol, frio ou quente, esteja de dia, ou noite escura como o escuro Tártaro da vida além!”
Desata a correr a criança, completando sua resposta... Serei o único com frio aqui? Que fazer, o que desejar?... Quem imitar? Deverei desejar ser uma criança? Ou um abandonado, sem ninguem para amar? Será que terei sempre frio, sendo esta pessoa que vivo, sem que nada o possa mudar?
Não me conformo, sigo pela cidade...
“Oh pedra da calçada, sejas escura ou sejas clara... Sentes tu frio, neste dia que apenas a alma me não deixa congelada?”
Tivessem elas ouvidos para me ouvir, e boca para falar... E decerto diriam como as pessoas sobre elas a andar, as crianças sobre elas a rir, e os animais sobre elas a passear, as aconchegavam, e aqueciam.
“Morreu-se-me o Sol, pois apenas sinto a Lua... chovendo sua neve, sobre minha alma nua...”
Uma árvore que se mexeu, parece-me ter ouvido...
“Ouviste-me tu, árvore de cor fria... sentes-te gelada ou quente neste branco e solene dia?”
“Fria de cor, mas tão cheia de amor... Não, não me sinto com frio. Sinto-me quente, minha alma aquecida... Pois tenho o meu lugar, nesta calçada assim nascida, para o espaço embelezar, e aos pássaros dar guarida... Sentes-te frio porquê, oh rapaz tão peculiar? Que sentes em tua alma? Possui ela algum lugar... Alguém a quem amar?”
“Não sei de mim... Pergunto-me, e o vento sopra.”
Afago a casca da sábia de madeira... e desejo ser como ela...
“Sinto fria a tua mão... Agarraste o vento breve... Construiste um boneco de neve... Ou seguras nela teu coração?”
As minhas mãos... Sim, agora que olho para elas, apercebo-me que me enregelo quando elas se esfriam... Preciso de as aquecer.
Um carro de bifanas... Sim! Quentes... Na algibeira encontro alguns trocos, que logo troco pelo alimento...
Corro, com a bifana, quente nas minhas mãos.
“Vagabundo, de pele gelada, não sentes o estomago frio, numa fome insaciada?”
Troco a bifana por um sorriso... E continuam quentes as minhas mãos.
Um gato, uma girafa, um cão... Qualquer animal, feito de um balão! Vejo-os a flutuar... e parecem-me tão quentes! Persigo-os a correr, para mais uns trocos trocar.
“Criança, quente de alma, sente quente em tua mão, como eu sinto no coração... o fio deste balão.”
Troco o balão por um sorriso... E continuam quentes as minhas mãos.
Olho o Sol, que se põe. Alaranjado, aquece minha visão. Sorrio, e toco-lhe com uma mão... Estico a outra para a Lua... e abraço ambos, frios ou quentes... com meu aquecido coração.

domingo, dezembro 18, 2005

Untitled - Floquinho de Neve

És um floquinho de neve...
Com seis pontinhas,
Flutuas pelo ar,
Esbelta em tua beleza
Não visível a qualquer um...
Fria na pele,
Aqueces o coração
Ao pousares teus finos braços
Gentilmente em minha mão.
Mas em minha mão aqueces...
Em água te transformas:
Na água da vida;
E o que queres,
Nunca esqueces:
Tua família,
Toda branca, querida...
Tens saudades,
Choras por eles...
E não o mereces;
Por isso liberto-te pelo ar:
Liberto-te de minha mão...
Flutua até à tua família,
Que te espera junto ao chão.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Storytelling - A Formiguinha Viajante

Porra, como eu Salto! Este Comboio não pára quieto. Acelere ou não, eu lá vou quase pelo ar, não fosse o equilíbrio que domino com minhas seis patas. Que viagem de constante inconstância, que nojo! Terminará algum dia?
Mas enfim, onde poderia eu estar melhor, do que no Apoio de braço deste Banco? Nem vai ninguém sentado aqui... se fosse, decerto eu seria esmagada (sorriria?...).
Ainda assim, que desimportante o solo de Pele, onde me sento. A cor acastanhada lembra-me o sujo, e a pele lembra-me Alguém que outrora a vestiu. Será sempre assim a viagem? Sempre sobre os Outros, só para que nos sintamos confortáveis? Pois eu não me sinto, fiquem a sabê-lo! Pudesse eu sentar-me ali em cima, junto da Luz, onde está quentinho...Oh, Oh... Isso sim, seria bom. Mas uma formiguinha como eu jamais Saltaria altura tal. Bem que podia tentar... Mas e se caísse? Cairia eu redonda naquelas bolinhas redondas e pretas que estão ali em baixo... E que não me parecem nada convidativas! Ainda por cima, anda sempre Gente a passar de um lado para o outro! Nah... Estou bem aqui, nesta Pele confortável de outro Animal qualquer.
Logo abaixo deste Apoio para o braço, vejo o apoio deste apoio... Às vezes ponho-me a pensar como é hipócrita o apoio, que se diz apoio, quando ele próprio precisa de se apoiar... E o Ferro não conta também? Não é ele alguém? Bom, se for a ver assim, realmente... Apenas o Chão se pode dizer apoio de algo, pois tudo nele se constroi. Bela Luz... Essa, sim! Tu que brilhas aí no alto... bela e quente, mas só por ti não és ninguém. Se estivesses no lugar do Chão, e ele aí no Tecto, serias tu espezinhada, esmagada, estilhaçada, esfriada e apagada! E ele, no Tecto, negro e sujo, brilharia em sua glória.
Não é verdade isto, oh Luz? Não é verdade, oh Chão? Não... Não é verdade. Se o Chão estivesse no Tecto, só por si não seria ninguém, pois não se segura lá sozinho... qualquer Um que cedesse, e ele cairia, num instantinho...
Sim, sinto-me bem, aqui neste Apoio de braços dum Banco qualquer deste qualquer Comboio. Sim... Mas... Porquê este Banco? Gostava de experimentar Aquele... Era só um Salto, e chegaria lá! Ou... talvez não... Com vários Saltos, chegarei até Áquele, ali! Ao fundo... Será mais especial do que Este? Parece-me igual... Mas eu o veria especial... Porque pudesse eu Saltar para Este aqui à minha frente, e acreditaria em Mim... Acreditaria que conseguia Saltar... E ia desejar chegar Áquele Banco distante, aquele apoio vulgar, tão igual, tão pouco importante... E Saltaria e Saltaria... até chegar Lá. Mas porque não fico Aqui? - “Fica, ou vais-te magoar, oh Eu!” - Não me ouço com o ruído todo do Comboio, com o Vento que lá fora é cortado por esta Máquina a correr, e grita, e berra dilacerado a morrer. Não me ouço e então, vou Saltar... Sim, eu consigo! Está já Ali.
Afasto-me da berma, do precipício deste negro às bolinhas. Receio cair, sim, e isso aperta-me o ténue e frágil Coração... Mas dá-me mais Força para Conseguir. Aqui vou, respiro fundo, e corro! Salto... Vejo lá em baixo o Chão a passar. Vejo as bolinhas tão redondas... Como que a Voar... Sim, pois neste momento não sei se sou eu que estou a Voar, ou se é o Mundo todo que abraçado, Voa por mim...
Mas o que sei, é que aquele Apoio do braço aproxima-se.... Já quase lhe consigo tocar! Tudo parece agora, correr... tão devagar... E lentamente, meus olhos abraçam a pele de outro Ser, ou até a mesma Do de há pouco... E as minhas patas pousam sincronizadas entre as seis. Sorrio, pois Saltei, Voei, e Aterrei. Mas o sorriso corta-se-me da cara...
Este Lado parece tão igual ao Outro! Juraria eu que era o mesmo, se não me lembrasse da Emoção que foi, Saltar... Olho pelo Corredor... até ao fundo da Carruagem: de um Lado e de Outro, uma fila de Apoios confrontam-se, imóveis, sentados nos Ferros dos seus Bancos. Parecem tão iguais... Mas soam tão diferentes Deste onde estou.
Então... porque me apetece ir para Lá? Vou-me deixar estar... ficar Aqui, não me Arriscar. Afinal, estou Aqui bem, nesta almofada de Pele confortável, descançado da Vida, apreciando os Saltos e Tombos que o Comboio me dá... Acho que não me poderia sentir melhor, a não ser que... Huh? Mas... Não... Aqui não! Devo Fugir? Mas para Onde? Não há para onde Fugir... Tudo está lento de novo... Já nem vejo a gloriosa Luz, tão brilhantemente branca no Tecto... eclipsada agora por este Braço de Alguém... Alguém que aqui se Senta, e se prepara para Inocentemente me Esmagar, Inocente.
Mas afinal que Mundo Cruel é este? Choro... Pudesse eu Voar! Tivesse eu Arriscado... Tivesse eu Saltado.

Untitled - Venus

Venus glowing, so bright in the sky;
Goddess floating in the air, so high:
To where does Your sight go?
Tell me, for I don't know.

Do You see who births and who dies?
Do You see wh'se true and who lies?
Do You see the future to be...
Do you see... the future of me?

Falling in space, so pretty and lone,
Do You cry out, or do You simply moan?
Do You feel lonely... empty and ugly,
Or do You feel happy... furfilled and lovely?

Tell me Your soul, tell me Your mind!
Tell me Your feelings, have pitty, be kind...
Tell me Your fears, and all of Your dreams,
Tell me Your life, or what it so means...

Be my darling light,
Love me every night...
Be with me one whole:
Be with me one soul.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Untitled - Como Eu

Como eu...
Sentes Tu,
E assim vives:
Como eu...
Sonhas;
E tentas assim viver
Como eu...
Sorris por dar a alma
Como eu...

domingo, dezembro 11, 2005

Silvano Brahma - Esta Pedrinha

Olho esta pedra...
Tão pequenina e redonda;
Tão bonita, tão bem moldada,
Que no Mar faz inveja
A qualquer onda.
Quererá ela voar?
Quererá ela nadar?
Que sonhos terá esta pedra?
Não a ouço...
Ela não sabe falar,
No entanto, ela sente:
Eu sei.
Eu sinto isso quando a pego na mão;
Não a sinto quente,
Nem a bater seu coração,
Porém, não sei se mente...
Quando diz estar bem no chão.

Untitled - Porque Não?

Sim, sinto-o...
Fazes-me sentir assim:
Bem, importante...
Dás-me sentido.
Mas porquê?
Porque não posso deixar isto sair...
Porque não posso viver o que sinto?
Quem me proíbe de amar?
"Segue o teu coração"
Digo sempre eu.
Mas porque não posso seguir o meu também?
Porque lhe tenho de mentir?
Que tenho eu de fazer
Para sair deste alçapão,
Desta gruta onde me escondo?
Que tenho de fazer eu,
Para Contigo poder sorrir?
Que tenho de fazer...
Para amar como sempre quis?
Que estrelas tenho de mover
Para Contigo ser feliz?
Que deuses derrubar?
Diz-me e eu o farei:
O que for preciso
Para Te alcançar...
O que for preciso
Para ao Teu coração
Poder livremente amar.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Silvano Brahma - Isto Está Mal

Quando te olho...
Não imaginas o que sinto:
Um Sol cá dentro arde!
Mais que o Sol que sempre vemos...
É indiscritível,
Isto que sinto...
Tento escrever neste papel
Para To entregar,
Mas não consigo...
Não cabe.
E mesmo que eu escreva por mais folhas,
Dá-me sempre ideia que minto,
Pois sinto muito mais do que escrevo,
Num sentimento que trespassa este corpo...
Corpo frágil...
Afinal,
Quem somos nós...
Senão simples animais?
Desisto! Não consigo escrever
Aquilo que te sinto em mim!
Envergonho-me de escrever sentimento tal,
Que apenas uma gota do verdadeiro,
Num imenso oceano o consegue afogar...
Isto está tudo mal!
Não to vou sequer mostrar.

Silvano Brahma - Dormias Ainda

Dormias ainda,
Quando eu acordei...
Afaguei as negras ondas de teu cabelo,
E sorri.
Em cima, as estrelas brilhavam:
Disseram-me olá,
E eu respondi.

Untitled - Passa o Tempo

O tempo passa, dizem...
Mas eu não o vejo.
Onde passou, que eu não vi?
Se ele passa,
Passou para onde?
Digam-me, pois quero o conhecer;
Quero lhe agradecer
Por tantas vezes ter passado,
Quando eu estava a chorar...
E por ter também passado
Deixando-me sorrisos a brilhar.
Para onde passou o tempo,
Para onde?
Preciso de o encontrar:
Dizer-lhe que choro...
Para ele se despachar,
Para quando eu sorrir...
Ele poder assim parar.
Páras algum dia tu,
Oh tempo?
Se passas, quem te faz passar?
Não passa também o tempo,
Àquele que passa o tempo
A fazer o tempo passar?
Algum dia irá acabar?
Nunca se irá cansar?
Eu não, pois o tempo me passa:
Passa e eu não o vejo a correr;
Passa o tempo e ninguém sabe...
E não sei se algum dia,
Alguém reparou...
Mas passa o tempo,
E o tempo passa;
A vida esvoaça...
E eu não sei do tempo
Que toda a minha vida,
Em silêncio me passou.